O Exu Guardião do local ( Parte II )
• A “Tronqueira”, um espaço sagrado – a visão da Umbanda Hermética.
A “tronqueira” ou “ganga”, se caracteriza por ser, a nível geográfico ( instituída neste espaço de realidade manifesta), um local delimitado pelas dimensões do comprimento, largura e haltura, aonde processos ligados à captação, magnetização e fixação, através de ritos e símbolos, possibilitam o armazenar e fluir de energias ligadas diretamente ao “exu guardião do local”.
No entanto, antes de iniciarmos os pormenores ritualísticos relativos ao assentamento de uma “tronqueira”, é imprescindível que tenhamos plena compreensão de seu significado dentro do processo dual da mente humana!
Pois bem, quando falamos em religiosidade, automaticamente se define o religioso e o não religioso. Aquilo que pertence ao campo religioso associamos ao “sagrado” e, em contrapartida, tudo o restante não incluso neste campo do “sagrado”, se torna então “Profano”. Observa-se que, nos moldes da mente pensante, também o sagrado e o profano se apresentam como formas de foco da consciência sobre determinados aspectos da realidade visível!
A vida transcorre sempre dentro de algum tipo de espaço. Podemos citar por exemplo, o espaço geográfico, o espaço natural, o espaço edificado, o espaço temporal, entre tantos outros. E, o espaço denominado religioso ou sagrado se localiza dentro da dinâmica destes diferentes espaços.
Abordando as variadas dimensões do existir humano, considerando o espaço de uma maneira mais ampla dentro de processos sociais das funções e das formas, contextualizamos o espaço não como um meio sobre o qual as coisas estão colocadas mas sim, um meio pelo qual é possível a disposição das coisas! Sendo assim, concebemos o espaço como o Poder Universal de conexão entre as coisas nele imersas.
Transferindo este conceitual para a “Tronqueira”, agora podemos defini-la como um meio com poder de estabelecer conexões dentro das possibilidades correlacionais da existência! Há pois, uma interrelação de objetos e ações que fazem uso de uma base material denominada espaço! È portanto, neste espaço que se cristalizam processos de formas pensamentos, desejos e ações das pessoas que residem no local ( como já foi visto na Parte I) que, em conjunto com a captação, fixação e magnetização de forças no campo das coisas do “sagrado”, formam um fluir dinâmico usado como meio instrumental através do qual o ser humano realiza a sua vida, produz e cria!! Não esqueçamos que Exu é vida, movimento e energia!
Passamos agora a definir o “espaço sagrado” e, para tal focamos nossa atenção ao ser humano religioso que dá uma significação qualitativa diferente para o local aonde o sagrado se manifesta. Para ele, este é um local aonde o “profano” é transcendido e torna-se possível a comunicação com outras “dimensões divinas”. Podemos afirmar que um ‘lugar sagrado” é um espaço recortado dentro do grande espaço cósmico ou telúrico.Torna-se portanto, este espaço, um microcosmo representativo do mundo no qual a existência acontece. E, é neste espaço que o ser humano religioso expressa de modo mais completo a sua atitude religiosa através de diversos ritos.
O sentimento do mistério frente ao sagrado, deve despertar uma quietude profunda de recolhimento espiritual na alma do ser humano religioso. E, é esta a sensação de sagrado que deve se manifestar em espaços concretamente estabelecidos em torno dos quais são realizados os mais diversos rituais, como é o caso da “tronqueira”!
Portanto, é imprescindível para o ser humano que busca o “religioso”,partir da compreensão do que é o sagrado, do que é um espaço sagrado, de como o sagrado interage em sua vida para, a partir de então, traçar uma relação de respeito para com o sagrado; fórmula esta que se torna a chave para a mente humana transcender os limites da materialidade!
Muito bom texto, bastante elucidativo !!
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